sábado, 9 de abril de 2011

Pret-a-porter à brasileira



DENER
Dener Pamplona de Abreu, paraense. Também trombou com informações desencontradas, como a do "début" do estilista na moda, que teria acontecido, segundo ele, aos 13 anos, na tradicional Casa Canadá. Que não confirma a história. "Há muita ficção que acaba revelando a construção do mito. É um modelo que os estilistas atuais ainda usam", diz a editora.
"Ele foi o primeiro a convencer uma legião de mulheres a usar um nome próprio na moda brasileira. Dener é o primeiro estilista brasileiro tal qual a gente conhece. Ele educou o país para que entendesse o que era um estilista de moda", resume Simone Esmanhotto, editora da revista Elle e autora do livro-estudo sobre o trabalho de Dener, editado também pela Cosac Naify e com lançamento previsto para o segundo semestre de 2008.
Ganhador de um concurso em Las Vegas que tinha entre os concorrentes o próprio Christian Dior, diretor de uma "maison" que dispunha de uma organização semelhante à das grandes marcas atuais, com, além do que equivalente à alta-costura francesa, prêt-à-porter e produtos licenciados, Dener coleciona vestidos, gênio e ações (ajudou a organizar a primeira Fenit, em 1958) suficientes para torná-lo nome obrigatório para quem trabalha ou se interessa por moda no Brasil. "De uma certa forma, ele é uma espécie de Paul Poiret brasileiro. É inaceitável que um cara que teve esta dimensão na moda, hoje seja simplesmente desconhecido", afirma Simone.

OCIMAR VERSOLATO
Para seus admiradores, ele é o maior estilista do país. Para os inimigos, Ocimar Versolato, nascido em 1o de abril de 1961, é uma grande mentira. Depois de atingir o maior sucesso já alcançado por um brasileiro no mundo da moda, na década de 90, a personalidade difícil e o comportamento brigão de Versolato travaram sua carreira. Nesta semana ele ressurge, depois de um longo ostracismo, para provar que é, sim, um mestre da tesoura, inaugurando duas lojas em São Paulo, que se somarão a outras cinco pelo Brasil até o fim de setembro - todas em endereços nobres das capitais paulista, carioca e federal. A primeira fica no quarteirão mais badalado do bairro paulistano dos Jardins. Tem 700 metros quadrados e uma clarabóia que ilumina naturalmente todos os quatro andares. A filial carioca, em Ipanema, terá um elevador interno panorâmico.
No final dos anos 90, o estilista endividou-se, entre outros motivos, porque os fabricantes de suas roupas na Índia não davam conta dos pedidos ou entregavam peças com defeito. O tombo levou ao fim da parceria com empresários que o financiavam. Não foi o primeiro na trajetória do menino de São Bernardo do Campo, que largou a faculdade de Arquitetura e, aos 26 anos, foi estudar Estilismo em Paris.
Depois de formado, trabalhou para Versace e Hervé Léger e, há exatos dez anos, montou seu primeiro ateliê na capital francesa. No desfile de estréia, revolucionou a alta-costura combinando luxo com minimalismo. Seus vestidos sensuais, com fendas, alças finas e sem botões, conquistaram o mundo fashion. Dois anos depois, assumiu a direção de criação da Lanvin, tradicional grife francesa. O casamento durou pouco - assim como outras parcerias que viria a ter. 'Seu talento é inquestionável e ele fez muito sucesso naquela época, mas Ocimar parece se atrapalhar com brigas e polêmicas', comenta a consultora de moda Gloria Kalil.
Versolato garante estar mais focado. 'Quero criar, fabricar e vender, vender muito.' Para tanto, importou de Paris Maria Lebeault, brasileira que passou os últimos seis anos como diretora-comercial da Gucci. Com dinheiro e gente de primeira linha a seu redor, o estilista só precisa se dedicar ao que realmente sabe fazer. Depois de tantas idas e vindas, pode ser sua última oportunidade de renascer.

REINALDO LOURENÇO
Presidente Prudente, 1962. Quando Reinaldo Lourenço foi trabalhar como assistente da estilista Glória Coelho, no início dos anos 80, não poderia imaginar que estava se iniciando uma das mais badaladas uniões da moda brasileira. No sentido literal mesmo, já que ambos acabariam se casando.
Do ateliê da futura mulher, trabalhou como produtor da consultora de moda Costanza Pascolato. Na época, ela editava moda para revistas da editora Abril.
Daí, foi estudar na França, em uma das escolas de estilismo mais importantes do mundo, o Studio Berçot. Lá teve a chance de aprender diretamente com a diretora Marie Ruckie. Seguia os passos de Glória Coelho, que dez anos antes havia estudado na mesma escola.
Em 1984, lançou a própria marca em São Paulo, desenvolvendo uma linha de roupas femininas requintadas e contemporâneas. Pelo estilo delicado, cheio de referências à arte, às viagens, à história e aos movimentos sociais, seria chamado de "poeta" da moda brasileira.
Hoje em dia, o estilista desfila duas coleções anuais no São Paulo Fashion Week. Recentemente, Lourenço diversificou suas criações, numa onda cada vez mais comum entre os estilistas famosos de assinarem linhas exclusivas em grandes indústrias. Assim, desenvolveu uma coleção de camisetas para a Hering e lançou uma linha de jóias em parceria com a indústria Denoir. Criou anéis, colares e brincos feitos de ouro, diamante, ônix e madrepérola.
As roupas do estilista podem ser encontradas em sua loja no bairro dos Jardins, em São Paulo, em mais de 120 multimarcas brasileiras e em butiques chiques dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão.
PELA PRIMEIRA VEZ em sua carreira, o estilista Reinaldo Lourenço decidiu não usar a cor preta em um desfile. Buscou inspiração nas porcelanas finas, de Sèvre a Limoges e até Faience de La Langeais. "Os únicos pontos de cor preta na minha coleção de verão 2009 são alguns saltos e meias. O resto é predominantemente delicado e muito feminino." Também mergulhou nas profundezas do mar atrás de pérolas para os pescoços dessas mulheres frágeis que usam vestidos sem costuras, trançados no corpo. Voilà, criou as "bonecas de porcelana" mais desejadas da temporada. Tão desejadas que cruzaram mais uma vez o oceano para participar do showroom ABEST Crillon, evento que acontece duas vezes ao ano em Paris, no tradicional Hôtel de Crillon, acomodação deluxe que já abrigou até a Rainha Marie-Antoinette. A idéia do showroom promovido pela Associação Brasileira de Estilistas entre os dias 1º e 5 de outubro foi mostrar aos compradores europeus e asiáticos o poder da moda brasileira. Nesse ano, além de Reinaldo, participaram do salão as grifes Adriana Degreas, UMA Raquel Davidowicz, Lino Villaventura, Gloria Coelho e Anunciação. Confira um bate-papo exclusivo que tive com Reinaldo Lourenço assim que ele botou os pés na cidade-luz:

ALEXANDRE HERCHCOVITCH
O enfánt terrible da moda brasileira, nasceu em São Paulo em 1972. Em 1993, aos 22 anos, Herchcovitch concluiu a faculdade de Moda, e obteve sucesso em seu desfile de formatura.
Sua trajetória na moda brasileira foi construída em pouco mais de dez anos de carreira, sendo que a marca e o estilista Alexandre Herchcovitch obtiveram uma grande repercusão e reputação no mundo da moda brasileira e internacional.
O estilista paulistano Alexandre Herchcovitch cria anualmente oito coleções para a própria marca, criações de produtos licenciados para diversas empresas, desfiles anuais na célebre Semana Prêt-à-porter de Paris, na Semana da Moda - 7th on Sixth, em Nova York, e duas vezes por ano no São Paulo Fashion Week.
Em 2002, Herchcovitch assumiu a direção de criação da Cori, com a missão de rejuvenescer a clássica grife, que, com uma nova cara, ingressou no São Paulo Fashion Week.
O estilista assumiu em 2006 a direção da Faculdade de Moda da FMU, em São Paulo. E ainda lançou recentemente um concurso de modelos, na tentativa encontrar alguém que representasse a "beleza brasileira".
Do primeiro vestidão às estampas de caveira, famosas no underground paulistano dos anos 90, passando por roupas para prostitutas e travestis, modelos clássicos de executivas desenvolvidos para a Cori, e camisetas com motivos de Walt Disney de 2003, Herchcovitch foi surpreendendo e se revelando um camaleão, dotado de uma sensibilidade, capaz de vestir qualquer tipo de pessoa.
Isso tudo sem contar a diversidade de produtos que tem criado em parceria com grandes marcas: calçados para a Democrata, jóias para a Dryzun, meias e cuecas para a Lupo, fundos de tela de telefones celulares para a Motorola, sandálias para a Melissa e cadernos para a Tilibra, entre outros. Uma dessas parcerias, com a Hello Kitty, chamou a atenção da cantora Björk, que saiu na revista francesa Art Actuel em 2003, vestindo uma camiseta com a estampa de Carmen Miranda.
Herchcovitch também trabalhou na Zoomp e na Ellus. Atualmente, tem quatro lojas próprias, desenha modelos exclusivos em seu ateliê, exporta a linha jeanswear para os Estados Unidos e Reino Unido.
Em Outubro de 2007, estreou como jurado do programa Brazil's Next Top Model do canal a cabo Sony. No programa, ele concedia dicas de moda e julgava as aspirantes a modelo.
No final de 2007, Herchcovitch encerrou seu contrato com a Cori e voltou para a Zoomp, apresentando sua coleção de reestréia no SPFW outono inverno 2008. Hercovitch é hoje diretor de criação do SENAC.
Herchcovitch atualmente desenvolve 4 coleções por ano para sua própria grife. Sua grife desfila em Nova Iorque e não mais em Paris. Ele tem 4 lojas no Brasil e uma loja no Japão, além da loja virtual.

DANIELA HELAYEL
Não, Issa não é seu apelido, nem faz parte do seu nome. É uma palavra que reflete um mesmo estado de espírito em diferentes línguas: alegria e alto astral. E não há definicação melhor para os vestidos de jersey de seda que são marca registrada da coleção da Issa - criada por Daniela.

Natural de Niterói, Daniela tem hoje, um grande ateliê em Fulham, oeste de Londres. Advogada de formação, ela conta que depois de se formar rumou em direção à uma área que era muito mais a "sua cara". Foi estudar desenho e marketing no Fashion Institute of Technology, em Nova York. Trabalhou então como consultora de moda para marcas brasileiras que atuavam nos EUA. Cansada do ambiente norte-americano, mudou-se para Londres há cerca de cinco anos atrás.
A marca Issa, criada a partir da necessidade da própria Daniela de encontrar peças confortáveis que se moldassem ao seu corpo, já tem cerca de 4 anos de vida, adquirindo mais destaque nos dois últimos anos. E as palavras que definem de suas roupas são: praticidade, conforto, sofisticação, e versatilidade.
Em sua coleção anterior foram feitos 62 modelos e 64 estampas e cores. A produção é alta: cerca de 20 mil peças por coleção para 31 países. As paulistas que quiserem adquirir as peças da Issa podem fazer uma visita à NK Store, porém, terão uma certa dificuldade em encontrá-los, já que cada ítem que chega some como "num passe de mágica" .... este é o resultado de dupla: talento e qualidade!
E logicamente não demorou muito para que as criações caissem no gosto das celebridades. A lista é imensa com nomes como: Madonna, Scarlett Johansson, Keira Kgnithley, Camila Al-Fayed, Paris Hilton, Kylie Minogue, Karolina Kurkova, Sienna Miller e a queridinha namorada do príncipe Williams, Kate Middleton.

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